Agora

Quando é que me apetece fazer amor contigo, ou melhor, porque é que me apetece fazer amor contigo? Que pergunta tonta, dirás, como esta minha ânsia de tudo explicar, mesmo o que não é explicável.

Tenho andado a guardar todos os rascunhos daquilo que já escrevemos, mesmo o que então – ou agora – não nos faz qualquer sentido.
Guardo tudo numa caixa de sapatos velha, que forrei com papel de cor e flores secas do nosso quintal.

Ontem, quando fui ao supermercado, uma senhora já velha olhou-me a abordou-me de uma forma bizarra. A menina está muito apaixonada, não é verdade, perguntou-me ela.
Sem saber o que dizer ou pensar corei e sorri-lhe um sim sussurrado.
Passei o resto da tarde a pensar na minha sorte.

Quando tenho frio procuro invariavelmente o teu abraço, como se nenhum outro corpo pudesse mitigar este meu não sei bem o quê, que se parece com doença ou desespero ou com outra forma de te ter também.

Agora dou por mim a acreditar que nunca fui tão feliz e a inventar para nós todos os destinos possíveis.

Um dia rir-me-ei disto, tenho a certeza. Ou então chorarei.

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